sábado, 12 de janeiro de 2013

A INVESTIGAÇÃO COMO BASE DO ENSINO


Olga L.Anglas R.Tarumoto

 Nesta postagem, será discutido um dos tópicos abordados em sala de aula, referente a primeira parte do livro “La investigación como base de La enseñanza”, de Stenhouse (1993), dando ênfase ao tópico: “Investigación”, em que o autor aborda de forma direta o conceito, e o define como a capacidade de indagar de maneira sistemática e autocrítica. Para Stenhouse (1996) é uma indagação, pois se fundamenta no desejo de compreender, é sistemática devido a que se encontra respaldada por uma série de estratégias e é autocrítica por que permite uma valoração acerca de algo.  Assim, para Stenhouse (1996, p. 42), investigação na educação é “aquela realizada dentro do projeto educativo e enriquecedor da instituição educativa”.
A pesquisa aplica-se à educação através de métodos de investigação e de análise, juntamente com conceitos utilizáveis na elaboração da indagação. O estudo se converte em pesquisa no momento em que o estudante formula uma dúvida que suscita uma resposta. É aí que a indagação se converte em contribuição para o conhecimento e para a aprendizagem e, o professor deixa de ser um instrutor e assume um papel crítico, resultante de uma investigação de fato, explica Stenhouse (1996), porque o professor não pode aprender por indagação sem fazer com que seus alunos também aprendam.
Diante disso, ele afirma que se faz necessário o professor-pesquisador que, movido por uma indagação sistemática, torne sua prática uma proposição provisória, ponto de partida para a busca de explicação a ser feita através da pesquisa. Esta deve ser a característica das escolas formadoras de profissionais, pois o ato de pesquisar deve ajustar-se às exigências do contexto profissional. É nesta perspectiva que Stenhouse entende a investigação na ação. Na investigação da ação, as salas de aula são os laboratórios e os professores, os pesquisadores que comprovam nelas a teoria educativa.

Stenhouse considera que a pesquisa educacional requer enfoques descritivos especiais, fazendo uma critica ao paradigma psicoestatístico, que apesar de poder ser válido para outras ciências, na educação possui grandes falhas devido a que no campo educativo, cada estudante é um ser único e não reprodutível.

Mas afinal que entendemos por Paradigma Psicoestatístico? Paradigma é uma palavra, que vem do grego parádeigma e que quer dizer: modelo ou exemplo, uma referencia, uma diretriz. Algo que todo mundo aceita como verdadeiro ou certo, e psicoestatística é a aplicação de métodos estatísticos aos estudos de psicologia.

A obra pioneira no campo de métodos estatísticos é a de R. A. Fisher (1935) que publicou The Design of Experiments, obra que serviu de base para aplicação estatística nas áreas das ciências físicas e naturais. O modelo de pesquisa nestas áreas, durante muito tempo, orientou estudos dos fenômenos e problemas da educação, com o argumento de que a educação só poderia ser investigada com segurança se houvesse a adequação a esse tipo de análise científica. Considerava-se o processo educativo como algo causado e determinado e, portanto controlável.

Com a evolução da pesquisa em educação, o modelo tornou-se insuficiente para explicar o fenômeno educacional, uma vez que esta realidade não é estática, mas apresenta uma dinâmica complexa e difícil de mensurá-la apenas com base em definições operacionais, variáveis, testes de hipóteses, estatísticas oriundas dos modelos das ciências físicas e naturais. Considerando que, “em educação é possível variar os procedimentos ao invés de submetê-los a uma normalização” (STENHOUSE, 1996, p. 47), passou-se então a entender que a realidade educacional não é permanente, imutável e nem definitiva, explicada apenas através de métodos quantitativos. Isso porque a educação como fator humano, situada num contexto social, inserida numa realidade histórica que sofre uma série de determinações de ordem social, política, econômica e cultural não obedece a modelos únicos e hegemônicos, nem a padrões rígidos do método da pesquisa experimental e aplicada.

Medidas de produção bruta como critérios de procedimentos padronizados são inadequados à educação porque esta implica numa ação significativa como as que estão envolvidos tanto professores como alunos e, portanto, não pode ser padronizada e controlada por um modelo.

A pesquisa educativa tem adotado formas naturalísticas de investigação com abordagem qualitativa para o desenvolvimento de seus estudos. Elliot (1990) apud Stenhouse (1993) explica que a generalização naturalística valida o estudo como método de iluminar as verdades que não podem ser compreendidas por completo através de enunciados formais. Portanto, a validação da pesquisa educativa está a cargo de professores e alunos e não dos procedimentos da ciência.

Desta forma, observa-se que para que uma boa pesquisa educacional seja realizada, ela não deve-se limitar somente a pesquisas racionalistas (quantitativas)  nem em formas naturalísticas (qualitativas). Atualmente, após quase vinte anos de publicação do Livro de Stenhouse, a pesquisa estatística evoluiu bastante, sendo que as duas formas, qualitativas e as quantitativas possam ser utilizadas de forma complementar. Este combinação pode vir a enriquecer a compreensão de eventos, fatos, processos. As duas abordagens demandam, no entanto, o esforço de reflexão do pesquisador para dar sentido ao material levantado e analisado. Por exemplo, existem técnicas que permite a aplicação de análise de conglomerados (cluster) a partir de dados qualitativos, cujo objetivo é o de identificar padrões de comportamento que diferenciam os indivíduos.



BIBLIOGRAFIA

STENHOUSE, L. La investigación como base de La enseñanza: Selección de textos por J.Rudduck y D.Hopkins. 2ª Ed.,  Ediciones Morata, Madrid, 1993.

SIGNORINI, N.T.P. A pesquisa na formação de professores: a perspectiva do professor pesquisador. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação – UNICAMP, 2006.

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