sábado, 12 de janeiro de 2013

O saber como forma de se relacionar com o mundo


Alex Pessoa

Optei em criar minhas postagens fundamentadas nos estudos desenvolvidos por Charlot, por entender que suas contribuições trazem implicações contundentes para a educação. Chama atenção em seu trabalho a ênfase que o autor dá, apoiado em Kant e Fichte, para elementos da apropriação da cultura e do desenvolvimento ontológico da espécie humana, imprescindíveis para que ocorram os processos de aprendizagem e desenvolvimento. 
Essa perspectiva rompe com abordagens apriorísticas tão presentes em modelos teóricos que sustentam a práxis em educação e que atribui o sucesso / insucesso exclusivamente ao indivíduo.  Como resultado, a alteração paradigmática proposta, embora não seja inédita, exige e reforça o comprometimento de diferentes segmentos da sociedade na relação com saber das gerações sucessoras.
Ao que parece, a busca pelo entendimento de “Como as pessoas aprendem”, perpassa a obra de diversos autores (destaco Piaget, Vigotiski, Ausebel, Skinner e, em certa medida, Freud). Essa inquietação também está presente em parte das discussões apresentadas por Charlot. Acrescenta o fato de que para este, existem diferentes formas do saber, que dependerão da forma com que os sujeitos se relacionam com o mundo:
“não há saber senão organizado de acordo com relações internas, não há saber senão produzido em uma “confrontação interpessoal”. Em outras palavras, a ideia de saber implica a de sujeito, de relação do sujeito com ele mesmo (deve desfazer-se do dogmatismo subjetivo), de relação desse sujeito com os outros (que co-constroem, controlam, validam, partilham esse saber)” (CHARLOT, p. 61, 2000).   

            O saber, portanto, não deve ser entendido como abstração, mas como elemento prático, carregado de significados subjetivos e sociais, que possibilita que o sujeito se relacione com o mundo. Nesse sentido, o que chamamos de diferentes tipos de saber, na verdade são formas específicas de se relacionar com o mundo, no uso que se faz do saber.
            Particularmente, incomoda dois termos que o autor frequentemente utiliza em seus textos: instinto e intuição. Esses vocábulos dimensionam conceitos do desenvolvimento humano pautado numa concepção naturalista, ou seja, como se alguns sujeitos tivessem potencialidade e outros não ao acaso. Essa fundamentação foi incorporada, equivocadamente, dentro do construtivismo e corroborou para compreensões inexatas do por que alguns alunos não aprendem determinado conteúdo, por exemplo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.