quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O PROFESSOR PESQUISADOR: DIRECIONAMENTOS PARA UM CAMINHO RUMO AO APERFEIÇOAMENTO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS


Efectivamente, alcanzar la educación plena és un imposible, porque ésta siempre es un proceso sin meta final: cuando se llega a un objetivo, deben perseguirse otros y siempre, después de éstos, surgirán más. Pero esta terea, concreta y utópica, es la que hace al individuo cada vez más hombre. (CASANOVA, 1993, p. 16)
 

Entendendo que as pesquisas na área da educação só fazem sentido se puderem contribuir para as práticas docentes na sala de aula e assim, potencialmente colaborar para a melhora da qualidade dos processos de ensino e de aprendizagem, não pude deixar de ser atraída pelas idéias elaboradas por Stenhouse.

Para este autor a pesquisa só se completa quando é colocada em prática, na realidade do cotidiano social. Por sua vez, a pesquisa em educação exige que o conhecimento construído por meio dela seja colocado em prática nas salas de aula, pelos professores.

Considera que, ao colocar elaborações teóricas em prática, o professor não estará apenas empregando o conhecimento já elaborado, mas realizando sua própria investigação a partir deste. Stenhouse nomeia esta prática de “investigação na ação” (CASANOVA, 1993, p. 11). Para ele é somente com a investigação realizada pelos professores em sala de aula que se confirma a validade do que foi investigado em âmbito teórico. Propõe a completa união entre teoria e prática.

Autores como André (1997), Monteiro (2008), que abordam a pesquisa em educação também têm discutido a respeito da união entre teoria e prática, bem como sobre a participação do professor e mesmo dos alunos como sujeitos ativos na pesquisa, bem como das contribuições de pesquisas que utilizam como metodologia a etnografia e a pesquisa-ação. Contudo, ainda que muito se tenha discutido sobre a participação dos professores como sujeitos ativos nas pesquisas e, portanto, no processo de produção de conhecimento, sua função, para a maioria dos autores que tratam da metodologia da pesquisa em educação, é complementar. Já para Stenhouse, o professor deve assumir papel central, ele é não apenas um colaborador, mas ele mesmo é quem realiza a pesquisa e, ao mesmo tempo, quem pode validar a(s) pesquisa(s) realizada(s) pelos cientistas.

Para Stenhouse, estes estudos só poderão aperfeiçoar o ensino se fornecer hipóteses que o professor possa testar e/ou comprovar, e apresentar descrições de casos tão ricas em detalhes que permitam aos docentes compará-los com seus próprios casos.

É claro que esta concepção de investigação em ação com base no ensino, não está isenta de obstáculos, como a falta de tempo dos professores para sistematizar suas dúvidas investigativas e aperfeiçoar-se. Por isso, “es mucho lo necesario para aliviar la carga del profesor dispuesto  a embarcar-se en un programa de investigación e desarrollo”. (STENHOUSE, 1993, p. 39)

Uma crítica que é feita constantemente, por autores que discutem metodologia de pesquisa em educação, as investigações desenvolvidas pelos professores em seu próprio ambiente de trabalho é o grande risco de viés do investigador. Em relação a isto, entretanto, Stenhouse afirma que segundo suas observações “la dedicacion de los investigadores profisionales a sus teorias es una fuente más grave de parcialidad que la dedicacion de los profesores a su práctica” (SETENHOUSE, 1993, p. 38).

Em relação à atuação do professor como investigador para aperfeiçoamento da sua prática este autor acrescenta ainda que a base para a formação do professor enquanto investigador é a “auto-observação” e que, mediante esta, torna-se consciente de sua prática e pode utilizar a si mesmo como instrumento de sua investigação.

Entendo que esses princípios apresentados por Stenhouse se forem incorporados às práticas docentes, podem realmente proporcionar aperfeiçoamento do trabalho e, consequentemente, dos processos de ensino e aprendizagem. E, conforme o que este autor apresenta, os resultados  efetivos dessa postura profissional de investigação, só poderão ser visualizados a partir das práticas docentes assim organizadas.

 

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Tendências atuais da pesquisa na escola. In: Cadernos CEDES. DEC: Campinas, 1997, v. 18, n. 43.

CASANOVA, Maria Antonia. Prologo a la edicion española. In: STENHOUSE, L.  La investigación como base de la enseñanza. 2 ed. Madrid: Morata, 1996.

MONTEIRO, Silas Borges. Pesquisa-ação e produção de conhecimento na formação docente. In: Pimenta, Selma Garrido; Franco, Maria Amélia Santoro (Orgs.). Pesquisa em Educação: possibilidades investigativas/formativas da pesquisa-ação. São Paulo: Loyola, 2008.

STENHOUSE, L.  La investigación como base de la enseñanza. 2 ed. Madrid: Morata, 1996.

 

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