sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

EDUCAÇÃO: ÁREA DE SABER MULTIFACETADA


O conteúdo abordado na disciplina foi para mim de grande valia, já que as atividades e leituras propostas proporcionaram ampliar conhecimentos de autores que não fazem parte da minha formação.
Em decorrência da minha prática e do trabalho que pretendo desenvolver, irei novamente abordar o assunto no qual Charlot denomina de objetos sociomidiáticos e um dos assuntos que está constantemente em foco nas opiniões e reportagens é o índice dos estudantes do ensino fundamental, o que irei direcionar para o processo de aprendizagem.
Aprender? Palavra de poucas letras e sentido tão complexo...o que gira ao seu redor? De que depende? O que é necessário? Como ocorre? São muitos questionamentos que somente uma palavra provoca e mais, há uma diversidade de concepções  a seu respeito.
Charlot (2006) refere que alguns educadores ainda erram em pensar que apresentar o conhecimento por si só leva a movimentar a inteligência.  Assim,  pontua a necessidade daquele que ensina compreender como pode mobilizar intelectualmente aquele que aprende.
E o que significa tudo isso? De acordo com Charlot (2006), o educador deve fazer algo e provocar a mobilização intelectual  estando ciente de que a produção do conhecimento dependerá da atividade intelectual do educando, sendo que este poderá bloquear esse processo. Mas, como? O que é necessário para se mobilizar? Ao lidarmos com questões biológicas internas podemos relacionar com o funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC)?
Do ponto de vista da neurociências, sim, pois o aprender é um processo complexo e depende de adequadas condições e oportunidades  em que o SNC desempenha um papel essencial, uma vez que coleta e armazena dados permitindo o acesso e seu uso na alteração do comportamento (THOMPSON, 2011). De acordo com o esclarecimento de Friedrich e Preiss (2012), a neurobiologia explica que o aprender está relacionado com o emocional, ou seja,  os sentimentos exercem papel relevante na capacidade de percepção e atenção, isto significa que se a aula for agradável despertará a curiosidade e interesse do educando e assim, a aprendizagem será significativa. No entanto, atentam para a importância da interação com o mundo ao redor no desenvolvimento biopsicossocial. Em suma, o aprender é de ordem multifatorial uma vez que depende de fatores biológico, ambiental (família/escola), emocional e sociocultural.
Desse modo, podemos fazer uma relação com o pensamento de Charlot (2006) ao referir que o processo ensino-aprendizagem ocorre por uma articulação tripla (educador, educando e instituição – esta última podendo ser a escola, família), em que o “fazer” político está do lado da instituição e o intelectual do professor, mas o resultado dependerá do educando. Tal relato corrobora com o ponto de vista de Thompson (2011) de que a aprendizagem depende da relação integrada entre indivíduo e o meio envolvendo condições extrínsecas e intrínsecas. Isto nos leva a entender que cada indivíduo está inserido num determinado contexto (ambiente) e tem o seu modo e ritmo de desenvolvimento, tornando visível a singularidade, a diversidade.
A distância existente entre a teoria e a prática e o erro de trabalhar   partindo do que deve ser uma escola ideal são outros aspectos relevantes apontados por Charlot (2010). Acredita que  deve-se primeiramente é entender a realidade educacional e intervir de acordo com essa realidade.  Neste ínterim concordo com o autor porque na pesquisa que realizei com professores de uma escola pública com média  abaixo do esperado, desenvolvi um trabalho para identificar suas necessidades e  obtive resultados que merecem atenção como dificuldades em trabalhar com um grupo heterogêneo, em relacionar teoria e prática, em elaborar estratégias de ação, em trabalhar coletivamente entre outros. No entanto, a articulação de outras áreas nesta questão torna-se fundamental.
Vale dizer que em momento algum quero dar ênfase somente ao ponto de vista da neurociências, mas a intenção é apontar a multiplicidade de áreas envolvidas no processo de aprendizagem, a importância de cada uma delas, bem como suas contribuições no âmbito pedagógico, político e social.

REFERÊNCIAS

CHARLOT, B. A pesquisa educacional entre conhecimentos, teorias e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de Educação, v.11, n. 31, jan./abr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a02v11n31.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2012.     

_________. Desafios da Educação na contemporaneidade: reflexões de um pesquisador. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. especial, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v36nspe/v36nspea12.pdf>. Acesso em: 14 dez. 2012. 

Mentecérebro. Como o cérebro interpreta o mundo. 2ª Ed. São Paulo: Duetto Editorial, 2012.

THOMPSON,R. Neuroeducação: um novo olhar sobre a relação entre Saúde e Educação. In: MAIA, H. (Org.). Neuroeducação: a relação entre saúde e educação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. p.19-30.

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