quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Mudanças nas condutas didático-pedagógicas

 As contribuições de Eliane Gomes-da-Silva possibilitaram que eu refletisse sobre a minha prática pedagógica com crianças de educação infantil, como também, sobre a pesquisa que desenvolverei.
É possível afirmar que foram diversas contribuições, mas darei destaque ao que Gomes-da- Silva apresenta sobre condutas, de acordo com a perspectiva peirciana, o que proporcionou momentos de reflexões interiores, permitindo assim, reavaliar e repensar minhas condutas didático-pedagógicas.
Gomes-da-Silva (2012) apresenta que para melhor compreender a dinâmica da produção científica à luz da Semiótica peirciana, é preciso entender a relação entre a noção de signo trazida por Peirce, e a de conduta futura.
De acordo com a autora nossas condutas são movidas pelo objeto, o qual, por sua vez, necessita ser primeiro percebido, depois interpretado e finalmente aceito para ser conhecido e compreendido. É por levar em conta a necessidade de o processo educativo empreender investimentos formativos que acarretem mudanças nas condutas didático-pedagógicas dos professores – ou nas mudanças de seus hábitos de viver e interpretar o mundo e as próprias crianças e, portanto de dinamizar sua prática – que apostamos na possibilidade de o entendimento peirciano de ciência/produção de conhecimento, nos auxiliar na compreensão e transformação da Educação Infantil.
Afirma também que há muitos professores atuantes na educação infantil que estagnaram-se nas suas concepções de educação, de mundo e de criança, de sorte que se fecharam para as possibilidades de estabelecer novas relações interpretantes, de produzirem semioses, nas quais são indispensáveis para modificar sua prática pedagógica e, por conseguinte sua própria vida.
Este trecho apresentado por Gomes-da-Silva ilustra o que observamos nas instituições de educação infantil e até mesmo o que a sociedade pensa sobre os professores que atuam com esta faixa etária, afirmando que para lecionar para crianças pequenas não exige estudo e nem mesmo a reflexão sobre a prática, bastando simplesmente à mera reprodução de práticas utilizadas no decorrer dos anos.
Conforme estudamos, as crianças, na Educação Infantil, necessitam ser retomadas como o objeto vital da conduta pedagógica dos professores, o que implica em uma prática centrada na criança, não relegando- as juntamente com suas expressividades a segundo plano.
Levando isto em consideração precisamos encarar, conforme a autora nos apresenta, as práticas pedagógicas como processos eminentemente semióticos. Entendendo a semiótica peirciana como uma ciência que tem por função nortear condutas para encontrar/conhecer um certo objeto.
Como argumenta Peirce (1974, p. 151), a ocasião para ocorrer mudanças em condutas pode “ocorrer ou demasiado cedo ou demasiado tarde”.
É possível despertarmos para um novo modo de agir pedagogicamente mediante poucas ações intencionais, como também é possível que a mais bem planejada e implementada intervenção formativa, dispenda longo tempo e tenha pouco êxito.
São diversos os fatores que impulsionam o professor admitir ou não a necessidade de mudar sua prática, entre eles, conforme a autora elenca: o conforto, a convivência, a comodidade, enfim, estar habituado a um modo de agir pedagogicamente.
Azanha (1990, 1991, p.39) também dialoga nesta mesma direção e apresenta que o simples reconhecimento da existência de uma crise na instituição da escola deveria antes nos conduzir a rever nossas idéias sobre ela do que, apressadamente, levar a esforços para reformulá-la”.          

Priscila Sales Rodrigues

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