sexta-feira, 17 de outubro de 2014

03 de outubro

        Sabedoria e aprendizado. Essas são as duas palavras que para mim sintetizam o bate-papo realizado com os alunos do PPGE/FCT-UNESP no último dia 03/10 e o Prof. Dr. Bernard Charlot.  De forma bem descontraída e com um forte sotaque francês, o professor fez alguns comentários pertinentes a respeito dos seus textos utilizados na disciplina “Entre os saberes docentes e os aprenderes discentes” e sua experiência como docente.
      Prof. Charlot iniciou a conversa comentando sobre a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Nova, que descreve o desenvolvimento humano em dois momentos da História da Educação: o controle das paixões e desejos humanos e por outro lado, o desenvolvimento infantil de acordo com as necessidades e vontades da criança. 
        Os conceitos presentes nos estudos da Pedagogia Tradicional apresentam atualmente a ideia de natureza humana, com forte ligação a igualdade e desigualdade. No que tange a igualdade, todas as crianças possuem a mesma oportunidade de desenvolvimento, contudo, é sabido que nem sempre esse desenvolvimento acontece de forma igualitária e nesse sentido, legitima-se a desigualdade, que discrimina e exclui em um mesmo sistema.
         De acordo com Prof. Charlot, a escola ao invés de propagar práticas pedagógicas que possam ter como resultado a discriminação, poderia considerar o resultado que o indivíduo alcançou com a atividade, o que ele denomina como “igualdade de resultado”.
       Outro aspecto que se fez presente na exposição de Prof. Charlot diz respeito a inserção de aspectos neurológicos e tecnológicos no dia a dia das escolas. Atualmente, a “Neuroeducação” e a inserção de aparatos tecnológicos são vistos como aspectos que poderiam vir a “resolver todos os problemas educacionais”, porém, a neurologia e a tecnologia sempre estiveram no contexto social e educacional e não são aspectos novos, como apontam muitos “clichês” de sistemas educacionais ou redes educacionais.
          “Qual é a causa do fracasso escolar?” Com esta indagação, Prof. Charlot comentou que não se tem uma única causa ou várias causas que pudessem explicar a origem do fracasso escolar, ou até mesmo um “remédio” que pudesse curar esse grande mal do Brasil hoje. Para ele, o fracasso escolar que se instaura no sistema escolar brasileiro é fruto de várias ações que não deram certo e que levam aos problemas que temos hoje. O ideal é refletir sempre de forma conjunta a respeito dessas ações e mobilizar todos os envolvidos para a busca de soluções em prol da superação do fracasso escolar.           
        Considero o bate-papo dos alunos com o prof. Charlot um momento de grande aprendizagem para minha formação enquanto aluna de pós-graduação, pois refletir sobre particularidades da escola e os saberes produzidos pelos alunos é essencial para uma formação docente consistente e crítica.

NATALIA TEIXEIRA ANANIAS FREITAS
Doutorado em Educação


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