domingo, 19 de outubro de 2014

Relações entre texto do Charlot e Peirce

Olá, pessoal

Sobre as relações entre o texto do Charlot “A mistificação pedagógica: as formas contemporâneas de um processo perene” e o que estudamos sobre Peirce, em especial, o método científico (abdutivo-indutivo), alguns pontos do texto me chamaram atenção.

Antes, acredito que seja importante trazer uma definição de Sant’Agostino (2001) apud Silva (2007), que afirma que o método abdutivo-indutivo consiste em:
“em estudar os fatos, a experiência, para buscar, a partir deles, delinear categorias interpretativas que os expliquem. Uma lógica heurística ou da hipótese, que supõe uma relação interrogativa com a experiência, que incorpora o "acaso", o fenômeno imprevisto, e permite uma forma nova de proceder na investigação científica, não mais apenas dedutiva, "comprovadora" de teorias já estabelecidas e codificadas (com fatos ou frequência interessadamente selecionados). Ao contrário, esta "ciência da descoberta" supõe que o pesquisador esteja 'colado' ao objeto de estudo, atento e vigilante, e conduzido por uma dúvida viva e real que prevê a possibilidade de criar uma fresta inovadora dentro do conhecimento teoricamente acumulado e fixado, e amplificá-lo”.

Entre os três assuntos focados pelo Charlot sobre a mistificação pedagógica, está a informática, ao afirmar que não se pode resolver os problemas da educação com um tablet, mas não nega o seu valor. Ainda ressalta que descarrega docente e discente da parte menos inteligente do processo de ensino e aprendizagem, a transmissão-memorização de um monte de informação (essa parte me lembrou a aula do prof. Jordi que tivemos na linha 2 recentemente). Se utilizado de forma adequada, tem-se mais tempo e energia para o que o Charlot chama de a parte inteligente: avaliar as informações, juntá-las de forma crítica e criativa para produzir sentido, responder a questionamentos, resolver problemas e etc.

O autor ainda comenta sobre o professor que, se tiver apenas o papel de transmitir informações será em vão, porque não há como competir com a Internet, com o Google... Nesse sentido, podemos observar o papel que ele deve desempenhar ao orientar os seus alunos no método abdutivo-indutivo, partindo da experiência do aluno, dos significados que ele já traz, para então sistematizar essas informações como conhecimento científico. Também vai ao encontro de não partir da terceiridade ou tratar os fatos como acabados, inquestionáveis. Charlot traz ainda que é imprescindível que os professores guiem os seus alunos pelos caminhos do sentido para que a sociedade contemporânea se torne mesmo uma sociedade “do saber” e não uma sociedade “da informação”. Nesse processo, observa-se que para a “ciência da descoberta”, apenas inserir a tecnologia na educação é fazer de conta que os problemas estão resolvidos.


SILVA, Eliane Gomes da; KUNZ, Elenor; SANT'AGOSTINO, Lucia Helena Ferraz. Educação (física) infantil: território de relações comunicativas. Rev. Bras. Ciênc. Esporte (Impr.),  Porto Alegre,  v. 32, n. 2-4, Dec.  2010 .

Um abraço,
Paula Melques

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