terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sobre a conversa de Bernard Charlot na FCT-UNESP.



"Fracasso escolar: a educação que não faz sentido."

Começarei meu comentário sobre a fala do professor Charlot, com uma de suas afirmativas que considerei de extrema relevância. Charlot, ao se remeter ao uso de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem na escola, se define favorável a esta utilização e, é neste contexto que afirma: “a escola não é só lugar de aprendizagem, é também lugar de socialização”.
 Escolho começar por esta afirmativa pelo fato de acreditar que a escola é o espaço onde os estudantes passam grande parte de suas vidas, e lá, também aprendem o que ser e como ser. Acredito que a socialização é condição fundamental para a aprendizagem, visto que sem a relação com o outro, não aprendemos nada. Podemos pensar na função da socialização no sentido de enfrentar o fracasso escolar, uma vez que, segundo a fala de Charlot, o fracasso escolar se desdobra de uma série de processos sociais articulados, mas é, sobretudo, uma crise de “sentidos” na educação, tornando-se assim, um processo que não tem mobilizado os desejos dos estudantes e, portanto, não se efetivam enquanto atividade significativa para estes.
Segundo a fala de Charlot, o problema da educação a ser enfrentado pelos professores não é simplesmente o de motivar os alunos, mas de pensar em práticas pedagógicas e conteúdos que mobilizem os alunos e assim, possa neles desenvolver o desejo de aprender. Charlot nos esclarece que o desejo é visto como um conceito da psicanálise, mas que também tem relações com o conceito de sentido presente nas obras de Leontiev, onde o ser humano está inserido em atividades que tem um significado social, porém um sentido singular que o mobiliza à ação.
Charlot ainda nos explicita que a educação tem passado por dificuldades por não se ater à realidade da qual os sujeitos fazem parte e; pelo contrário, por naturalizar a situação em que se encontra a educação. Charlot nos deu o exemplo por dizer que algumas pessoas acreditam ser natural que uns estudem em escola pública, enquanto outros estudem em escolas particulares. À este fenômeno, Charlot nomeia de mistificação, ou doutrina social da desigualdade.
Charlot nos esclarece que por trás desta naturalização da realidade, existem as concepções de seres humano, calcadas em teorias que apontam o ser humano como tendo nascido mal por natureza, ou bom por natureza; Porém, ao longo de sua fala, Charlot defende que o que define o ser humano é a apropriação da história. Sendo a educação um processo de humanização, socialização e subjetivação.
Neste processo, Charlot nos remete a pensar o nascimento do ser humano através da história, especificamente de três histórias: História longa (história da humanidade), história média (sociedade e cultura) e história breve (história singular). Defende assim, que a educação tem papel fundamental neste “nascimento do homem”, pois é ela que relaciona estas três histórias.
Portanto, podemos pensar no papel do professor na formação humana dos estudantes, não como moldadores de personalidade e pensamentos, mas como aquele que busca conhecer a história e realidade da sociedade de que fazemos parte, que busca o conhecimento dos elementos culturais produzidos por esta humanidade, e que ao relacionar a vida singular dos alunos à estes conhecimentos, poderá mobilizar os afetos, os desejos, e desta forma, participar de um processo de ensino e aprendizagem de fato significativos para seus estudantes.
Termino esta síntese da fala de Bernard Charlot aos alunos da disciplina, por afirmar que pensar em uma educação para além do fracasso escolar, é pensar em uma educação que faça sentido aos estudantes, que possa ser relacionadas com suas vidas singulares e, ao mesmo tempo, com a sociedade em sua totalidade.


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