segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Pontos relevantes na conversa com o professor Bernard Charlot

O texto a seguir tem a intenção de apontar os pontos considerados relevantes (por mim) e que me fez refletir na conversa com o professor Charlot no dia 3 de outubro.
 
De início, o professor fez um comentário sobre o prefácio do livro A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Neste momento, ele enfatizou a grande distância entre: o que se propõe e a realidade nas escolas. E ainda, sobre a Pedagogia X a Desigualdade Social. Quanto à Pedagogia, quase não se fala da divisão social do trabalho, quase não se fala sobre o futuro dos alunos (o que vão ser). O que se fala são de novas ideias que disfarçam a realidade, como por exemplo o fato das pessoas não serem livres porque muitas não têm dinheiro, emprego, etc.
Com essa fala, pude perceber essa questão das pessoas não serem livres (como tanto se ressalta) porque têm limitações financeiras, por exemplo.
 
Charlot também nos disse a diferença entre a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Nova. Na primeira, o ser humano é corrupto, sendo que, o maior deles é a criança porque ela nasce do pecado capital. Essa corrupção se manifesta  no corpo, no desejo. Já na segunda, a natureza não é boa, tampouco má, a criança é inocente, espontânea, o que a corrompe é o ser humano. Ambas, não falam do contexto social, da desigualdade social.
Em sua fala ele enfatiza que todas as crianças devem ter as mesmas chances, para todos poderem chegar no topo. Mesmo com a igualdade, no final os resultados são diferentes.
Aqui, vejo um abismo ainda maior no que se refere ao fato das crianças desfrutarem das mesmas chances. Sabemos que para isso acontecer, no Brasil, vários setores teriam que passar por uma revolução até chegar à igualdade de oportunidades.
 
Outro tema abordado pelo professor foi a Relação com o saber. Segundo ele, o principal ponto é que deve-se levar em consideração a desigualdade social e a individualidade de cada um.
Sabe-se que, no que se refere à educação brasileira, esses dois fatores citados acima, na maioria das vezes, não são levados em consideração. Professores têm a visão de que todos são "iguais", têm a mesma capacidade e acaba que a individualidade não é respeitada. Isso vai contra o processo de socialização que o professor defende, pois para ele o homem nasce imperfeito e nunca é terminado, Além disso, o que define o ser humano é a humanidade e tudo o que a espécie humana criou na história. Em outras palavras, cada um de nós é original, único.
Pra Charlot, parece que a escola foi feita apenas para se ter um diploma mais adiante. Frisa que nela ainda há práticas consideradas tradicionais, porém com discurso construtivista. Exemplo são os discursos sobre neurociências, a presença de tablets na escola, etc que costuma ser vistos como a solução para resolver os problemas existentes.
 
No que se refere à motivação, Charlot é crítico. Para ele, quando o professor motiva o aluno, tem pouca duração de tempo. O desejo nunca vai ser satisfeito, para isso usa exemplos como o dinheiro e o poder que nunca são saciados. E nos indaga: e o desejo pela matemática, química...com despertar esse desejo?
Na minha opinião essa é uma pergunta difícil de ser respondida, porém deveria ser a base do profissional de educação.
 
Professor Charlot, ainda nos traz a diferença entre sentido e significado. O sentido é de tipo pessoal e é intermediário ao motivo e ao objetivo, enquanto o significado é de tipo teórico/cultural.
 
Por fim, o encontro, mesmo que breve, foi rico em aprendizagem, mas principalmente em reflexão, abordando temas que muitos não consideram que sejam relevantes para uma prática escolar satisfatória.
 
 
 
 
 

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