terça-feira, 28 de outubro de 2014

Palestra do prof. Charlot - Prefácio trabalhado em aula
Mestrando: João Ferreira Filho

Bernard CHARLOT.  A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação. Prefácio à nova edição brasileira, revista e ampliada. Tradução de Maria José do Amaral Ferreira. Cortez Editora : São Paulo. 2013

O professor Charlot iniciou sua fala salientando o distanciamento que existe entre a teoria e a prática. O que se reflete na teoria está longe do que se observa na prática das escolas. O mesmo acontece quando se que fala no processo pedagógico ou na pedagogia e, assim trata-se igualdade a escola pública e a escola particular sem se dar conta de suas especificidades e objetivos. O que se deve levar em conta para se formar um médico não é o mesmo que se deve levar para formar um arquiteto!
Num parênteses o professor Charlot deixou claro que quando se refere a Ideologia o faz na óptica da dialética marxista.
Historicamente se observa:
A pedagogia jesuítica tinha que a criança é corrupta por si só, mas também é a infância é fase mais fácil de tirar se da corrupção. Para isto basta disciplina. Percebe-se que a Pedagogia era vista fora das questões sociais.
Com a nova pedagogia, ou no falar de Charlot, Pedagogia nova, se tem o espírito da Igualdade das oportunidades – todos tem que ter a chance de chegar ao topo. O problema é que esse pensamento incorpora a desigualdade social e o legitima. Esse o pensamento usado pelos dominantes para encobrir a realidade com a falsa ideia de igualdade de chances.
Sabemos que a escola não é só o lugar para adquirir o conhecimento, mas também de socialização. Os sujeitos vão à escola para conversar, trocar informações, travar relacionamentos afetivos e amistosos.
Em seguida o professor Charlot diferencia posição social objetiva e posição social subjetiva em relação à educação familiar. Posição social objetiva: quem cuida da educação da criança é o irmão; posição social subjetiva: cumpro dentro de minha cabeça.
Há uma celebre frase de Sartre que diz: “o que faço com o que a sociedade fez de mim”. Isto tem a ver com o que eu penso do mundo, como interpreto o mundo e assim por diante.
Qual é a causa do fracasso escolar?
Não se tem uma causa, há uma série de fatores que desenvolvem o fracasso escolar. No texto Charlot diz que no livro irá tratar de três assuntos que dizem especialmente sobre a educação brasileira: 1) a relação entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova; 2) a “neurologia” e a “informática” que tendem a ocupar o palco da pedagogia com certa soberba e, 3) o neoliberalismo que legitimou uma forma de cinismo social que se superpôs à mistificação (CHARLOT, p. 43)
No entanto, diz Charlot que o problema não é motivar o aluno para leva-lo ao aprendizado, mas de mobilizar, fazer nascer o desejo. Motivo é resultado / objeto a ser atingido. Há uma série de operações que me permitem atingir um objetivo.
Devo me perguntar: O que me motiva a fazer algo?
Faço algo para atingir um fim. Há muita diferença entre ir a escola para aprender ou ir a escola para passar de ano. O meu objetivo, a causa final dirige minhas ações, no dizer de Charlot, motivam meu caminhar.
“As escolas ensinam muitas respostas de perguntas que não foram feitas” (Charlot). São dadas muitas respostas que não fazem sentido ao aluno ou sem se demonstrar seu sentido ao aluno, quando deveríamos partir da questão para chegarmos a resposta. A escola precisa ensinar o que é útil / importante e mostrando a utilidade do que se ensina.
“O professor de informações está historicamente morto”, disse Charlot e a mesma frase aparece em seu texto quando ele está tratando da “informática”. No contexto Charlot diz que a informática oferece um vasto e rico recurso de informações que supera em muito a informação trazida pelo professor, e completa que nosso século (XXI) necessita “mas que nunca antes como hoje foi tão necessário o professor de saber” (p. 41).
Precisamos entender a importância do “professor de saber” e, para isto basta percebermos à nossa volta e veremos que o mundo é essencialmente técnico.

Em seguida o professor abriu a palavra às questões e ao debate.

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