terça-feira, 28 de outubro de 2014

Tarefa – Análise – texto Bernard Charlot


Tarefa –  Análise – texto Bernard Charlot

Rosenei Cristina R. V. Alves


 

Na apresentação do prefácio da nova edição brasileira do livro "A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação", Bernard Charlot reforça o conceito de mistificação pedagógica dizendo da atualização da expressão através de modernas formas de termos ilusão com o fazer e o pensar da pedagogia. Insiste na preocupação na relação da educação com a reprodução das desigualdades sociais, ou melhor, na questão de se considerar uma pedagogia social. Nas suas palavras: “(...) um discurso generoso que desliza na realidade da educação, sem mudá-la” (CHARLOT, 2013, p. 37) e ainda “silenciar as realidades sociais, encobrir as desigualdades, aceitá-las implicitamente e, muitas vezes, legitimá-las” (idem, p. 38)

Charlot entende, ainda, que os paradigmas ligados à utilização da informática educacional e as explicações da neurociência (neuroeducação) como contribuições para validar ou melhorar as aprendizagens ou as metodologias de ensino, podem caminhar no sentido de se tornarem novas mistificações pedagógicas no caso de não “pensar a educação sem levantar, ao mesmo tempo a questão da desigualdade social” (CHARLOT, 2013, p. 47).

Ao longo deste escrito temos grandes contribuições para nossa reflexão sobre a mistificação pedagógica. Desta forma, com base nos estudos da semiótica de Charles S. Pierce, podemos dizer que a afirmação de Charlot sobre a crença na natureza humana (que ele reafirma neste prefácio) precisa ser colocada em dúvida para avançar na ideia de que não há natureza humana, nem natureza infantil. O ser humano é essencialmente social, ele se constrói no social.  Para Bernard Charlot o que temos é uma condição humana e uma condição infantil. A concepção desenvolvida pelo autor nos remete ao processo do pensamento científico. No senso comum, nos parece afirmativo a ideia de natureza humana, entretanto trata-se de um processo ideológico na teoria educacional.

O sentido de crença e dúvida (cf. Pierce) pode atribuir um dinamismo ao método científico no sentido de proporcionar ao sujeito a possibilidade de não ficar a serviço de visões ilusórias da realidade, até por que crenças nos levam a reprodução do contexto, comportamental, de conduta ou educativo em que nos encontramos. Observamos que Pierce teorizou que o pensamento não pode estagnar-se, todavia vai avançando de acordo com as hipóteses que são superadas, sempre buscando melhorar a compreensão de um fenômeno. Podemos dizer que o pensamento educativo necessita rever crenças e elaborar outras mais adequadas à realidade. Entendemos que o método científico (abdutivo- indutivo) tem muito a contribuir neste sentido, como maneira de conduzir as inteligências para seu crescimento. A aprendizagem aqui é vista como um processo evolutivo do pensamento que pode ser considerado como uma cadeia de signos, que pode alcançar crenças arraigadas levando-os a sensação de dúvida. Ela nos exige a quebra de hábitos e é um estímulo para a investigação.

 

 

 

        

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.