quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Considerações sobre o Pragmatismo de Peirce

Reflexões a partir do texto:

O método pragmático de Charles S. Peirce, de Paulo H. S. Costa. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/revistalable.


O Pragmatismo de Peirce "é uma corrente filosófica americana dos primeiros anos da década de 1870", que deseja um "método capaz de determinar o verdadeiro sentido de qualquer conceito, doutrina, proposição, palavra ou outro tipo de signo".

O Pragmatismo - como método lógico - não enquadra os resultados da ciências em "campos teóricos pré-moldados", porém ele clareia, pela análise de conceitos, os significados que afetam nossa conduta.

Ele é “um método de análise que tem como objeto o significado dos conceitos, um método de pensamento que se põe entre o objeto e seu significado”.

Pensar em como significamos os conceitos, nos leva à compreensão de como agimos, uma vez que, para Peirce,  o pensamento é direcionado por uma crença, que praticada se transforma em hábito e modela a nossa conduta.

A relação entre a crença e a dúvida, no método pragmático peirciano, configura estados "da mente diferentes", ou seja, crença e dúvida são distintas, mas se relacionam, à medida que a crença gera conforto e, quando estamos expostos a crenças diferentes das nossas, entramos em dúvida, em desacerto. Assim, no desejo de voltar a nos estabilizarmos com uma crença, realizamos a inquirição: análise de conceitos que clareiem e justifiquem uma conduta. 

O estranhamento ou fase da dúvida torna-se um momento necessário para a ampliação dos significados que atribuímos aos conceitos. A ação de inquirir proporciona o desencadear de novas crenças e hábitos que nos conduzirão às ações.

Contudo, é preciso "ver" o mundo com a possibilidade do diferente, do estranho, do que nos causa desconforto e nos conduz à dúvida. Somente pelo estranhamento é que desencadeamos um processo que pode nos fazer ver o outro, nos fazer analisar, comparar, repensar, avaliar, permitindo, finalmente, estabelecer determinados padrões e generalizações, os quais sejam aceitáveis e sirvam, pelo menos naquela ocasião, para sustentar novo pensamento.

Passar pelo estranhamento, chegar ao reconhecimento do outro e generalizar um conceito é uma sucessão de pensamento desafiadora em uma escola, uma vez que os grupos de educadores e educandos costumam ser grandes e heterogêneos.

Pensando na atuação de um pesquisador que trabalhe com pesquisa-ação, é muito interessante reconhecer as significações que cada sujeito envolvido na pesquisa tem a respeito da temática educativa em discussão, pois identificando as crenças, o pesquisador poderá propor alguns questionamentos que levem ao desequilíbrio, à dúvida e que, talvez, possam ajudar o grupo a reconhecer o outro, as distintas possibilidades, a fim de que, ao chegar à generalização, haja uma conduta afetada e diferente, num movimento constante do repensar, reorganizar os pensamentos, que conduzirão à nova ação.


Gislene Aparecida da Silva Barbosa




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