terça-feira, 28 de outubro de 2014

AZANHA, José Mário Pires.  Uma Ideia de Pesquisa Educacional. São Paulo : Edusp, 1992. Conceito de Método

Leitura
João Ferreira Filho

Na leitura do texto de Azanha tentarei responder a questão colocada sutilmente por ele no final do parágrafo inicial da página 181: dentre as regras possíveis, há algumas cujo uso é distintivo e constitutivo da prática científica?
Primeiro precisamos esclarecer que Azanha diferencia o ter um método do agir metodologicamente. Ou seja, se tem um método de ou para fazer alguma coisa, pois método implica ação, fazer, estilo. Seguir um método, uma regra é uma prática essencialmente social, diz Azanha citando Wittgenstein, porque é o olhar do outro que avalia. Ainda neste sentido poder-se-ia perguntar se existe um método específico para a ciência? E na busca da resposta a esta indagação Azanha exemplifica comparando de um lado a arte e, de outro lago o jogo.
A arte é um saber livre, destituído de regras rígidas, de normas, ela é a livre expressão do homem, por outro lado temos os jogos, dirigidos e organizados por regras fixas, claras e rígidas, que não permitem a criatividade. No entanto há uma terceira e necessária visão que se localiza entre a metáfora da arte e a metáfora do jogo. A regra serve para organizar o trabalho, mas não garante o resultado; ela não pode e não deve engessar o trabalho do cientista, mas apenas organizá-lo, norteá-lo. Ela precisar dar o espaço para a criação, precisa permitir a verificação dos erros para se fazer as correções.
Deste modo não entendemos que haja apenas um método, mesmo porque não há unicidade entre o conjunto das ciências, mesmo se pensando nas ciências agrupadas em áreas. Assim não tem como se pensar em uma única regra, o que também não quer dizer que se possa desprezar as regras já estabelecidas.
Concluindo o texto:

O jogo da ciência, mesmo sendo local e mutável como é próprio de todas as práticas sociais, não é um jogo irracional onde vale tudo e até o dogma tem cabida. A rejeição de um ideal absoluto de racionalidade da ciência apenas é o abandono de uma ilusão racionalista e o reconhecimento de que diferentes “formas de vida” podem incorporar diferentes formas de racionalidade. (Azanha, 1992, p. 184)

Quando pensamos no método percebemos que a escolha deste ou daquele método depende muito mais do objeto de estudo do que do resultado que queremos, pois este vem à medida que se faz, ou seja que se aplica o método. “[...] a unidade de todas as práticas científicas está no seu propósito de busca da verdade” (p.183). é portanto necessário olhar a prática sem pressuposições, desprovido de “pseudorresultados”.

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