terça-feira, 21 de outubro de 2014

Faça uma análise do texto de Bernard Charlot a seguir referido, a partir das noções de “crença” e “dúvida” e do “método científico (abdutivo-indutivo)” de Charles S. Peirce. Poste sua análise no blog.

Charles S. Peirce aponta algumas questões sobre noções de crença e dúvida e método científico (abdutivo-indutivo).
Inicialmente as noções de crença e dúvida a partir da semiótica demonstram a necessidade de colocar em dúvida as nossas crenças e gerar reflexões sobre elas, para evitar que se transformem em dogmas e para que possam contribuir no surgimento de novas formas de se pensar sobre as coisas.

A relação feita com as noções acima e o texto de Charlot se explicita nas mudanças das questões centrais de sua investigação que ocorreram ao longo das reedições do texto: A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria em educação.
Fica evidente que o autor coloca em dúvida suas crenças ao longo dos anos em que pesquisa sobre a educação. Suas crenças são colocadas em dúvida após pesquisas que realiza, e a partir das próprias mudanças no mundo, que o fazem repensar sobre suas investigações.
Inicialmente, Charlot se indaga porque republicar o livro 38 anos depois de ele ter sido escrito. Explica que depois de mais de 30 anos pesquisou bastante, publicou outros livros, e que felizmente não passou a vida toda repetindo a mesma coisa. O autor diz o mundo mudou, as formas de militância também e que os marxistas de sua geração e das seguintes proporcionaram reflexões a outros temas e questões. (p. 35).
A ideia sobre a crença e a dúvida fica clara a partir de sua análise bibliográfica sobre A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria em educação.
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o autor analisava a partir de uma perspectiva sociológica e histórica, o vínculo entre educação e divisão social do trabalho.
Em seguida desenvolveu pesquisas sobre a relação com o saber (do fato de aprender, do que se aprende, da escola) e que caminharam para uma reflexão “mais” antropológica.
Ou seja, apesar de em 1975 o estudo das questões do sentido e do Homem ficarem excluídas, pois o autor achou serem ideológicas, no final dos anos 80 e início dos 90, estas questões voltam a ser centrais.
O próprio autor questiona-se: conversão, ruptura? Poderia até ser, já que o pesquisador, segundo suas próprias palavras, tem o direito a pesquisar e, portanto mudar de rumo. Mas, de fato, tratou-se de um prolongamento do que já era postulado, esboçado e até formulado em A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria em educação. (p. 46)
Atualmente Charlot considera que não se pode pensar a educação sem levantar ao mesmo tempo a questão da desigualdade social, a do sentido, a da atividade e indo até o fim do caminho do sujeito e do seu desejo.
Defende que a problemática pedagógica não pode ser a da natureza humana, já discutida em A mistificação pedagógica, mas ressalta que é preciso reintroduzir a questão antropológica, assim como apontou no início dos anos 1980.
Por fim, o texto de Charlot nos faz repensar sobre o papel do pesquisador. É necessário refletir sobre suas investigações e ser flexível a mudanças para que suas crenças não se transformem em dogmas, permitindo que novas “semioses” possam acontecer.

Fernanda Gomes Françoso

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